sábado, 4 de junho de 2011

VJ Day in Times Square

por Alfred Eisenstaedt, Nova Iorque (1945)



"A 14 de Agosto de 1945, o fotógrafo Alfred Eisenstaedt captou, na Times Square, em Nova Iorque, aquele que se tornaria um dos beijos mais famosos do século XX (pelo menos tão famoso como o que Robert Doisneau fixou, cinco anos mais tarde, junto ao Hotel de Ville, em Paris). No meio da multidão que celebrava, eufórica, a notícia da rendição dos japoneses, passo decisivo para a vitória dos aliados na II Guerra Mundial, Eisenstaedt descobriu um marinheiro a beijar, de forma arrabatada e cinematográfica, uma enfermeira em pose de abandono feliz.
Assim que foi publicada na capa da revista Life, a imagem correu mundo e tornou-se rapidamente um símbolo da alegria do cidadão comum quando apanhado pela vertigem da História, neste caso o fim de um pesadelo que tinha começado, para os americanos, com o ataque japonês a Pearl Harbour, em Dezembro de 1941.
Além do seu poder enquanto ícone, a foto de Times Square continha um mistério. Com a pressa, Eisenstaedt esqueceu-se de anotar os nomes dos protagonistas e durante mais de 60 anos a respectiva identidade continuou a ser matéria de disputa. Candidatas a "enfermeira" houve pelo menos três: Greta Friedman, Barbara Sokol e Edith Shain. Nenhuma delas confirmada, talvez porque o rosto da mulher ficou praticamente oculto pelo punho fechado do homem.
Já o "marinheiro" permite comparações fisionómicas e anatómicas mais precisas. Dos 11 americanos que reclamaram, ao longo dos anos, a autoria do beijo, houve apenas um que chegou a ser apontado como o verdadeiro, em 2005. Chamava-se George Mendonça e teve a "aprovação" do Naval War College, a partir de uma análise das suas tatuagens e cicatrizes.
Agora, porém, uma nova abordagem, feita por Lois Gibson, uma reputada retratista forense, aponta para Glenn McDuffie. A especialista da Polícia de Houston, famosa por ter identificado mais criminosos suspeitos do que qualquer outra pessoa na história dos EUA, já tinha fortes indícios de que McDuffie era o "tal" mas quis ter a certeza, comparando o rosto dos potenciais "marinheiros" com o homem da foto. "Pela análise da estrutura dos ossos faciais, eliminei todos os outros candidatos. Para mim, esta identificação é definitiva", garante Gibson.
Hoje com 80 anos, McDuffie, que luta contra um cancro, não queria morrer sem que alguém confirmasse a sua pretensão. Em Agosto de 1945, ele estava à espera do metro quando ouviu a notícia da rendição nipónica. "Fiquei tão feliz que saí para a rua. Quando vi a enfermeira, corri para ela e beijei-a." O par não trocou sequer uma palavra. "Depois do beijo, voltei para o metro e segui para Brooklyn."
in Diário de Notícias, 06-08-2007



"O nome Edith Shain talvez não diga muito à maioria, mas se referirmos que era ela a enfermeira beijada apaixonadamente por um marinheiro em 1945, em Times Square, Nova Iorque, vem imediatamente à memória a fotografia, a preto e branco, de Alfred Eisenstaedt. A protagonista da fotografia publicada, pela primeira vez, na revista “Life”, morreu aos 91 anos.
(...)Edith Shain só foi identificada na fotografia na década de 70, quando a própria escreveu a Eisenstaedt para lhe dizer que era ela a jovem que o marinheiro beijava a 14 de Agosto de 1945. Carl Muscarello, agora um polícia reformado, reclamou em 1995, ser o homem na fotografia, uma informação que nunca foi possível confirmar. Edith, numa entrevista ao "New York Times", admitiu que não podia afirmar que Muscarello era o homem que a beijou. "Não posso dizer que não é. Apenas não posso afirmar que é. Não há forma de confirmar", disse ao jornal.
No comunicado que confirma a morte de Edith, citado pela Reuters, o seu filho, Justin Decker, recordou a mãe como uma mulher que “sempre esteve disposta a aceitar novos desafios e cuja preocupação pelos veteranos da Segunda Grande Guerra lhe deu energias para procurar ser diferente”.
in Jornal Público, 23-06-2010

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